Por Karolina Tagaris
ATENAS (Reuters) - Barshank Haj Younes pode não ter muito o que comemorar, mas o jovem sírio está preparando um verdadeiro banquete.
Seu menu conta com húmus e moutabal –um prato com berinjela– e receitas com cordeiro e galinha tradicionalmente servidas a convidados em sua casa, a Síria, atualmente em guerra e a cerca de dois mil quilômetros de distância.
Durante uma noite desta semana, o jovem sírio curdo que fugiu para a Grécia um ano atrás exibiu seu talento na cozinha ao lado de um chef grego em um restaurante lotado de Atenas para comemorar o Dia Internacional do Refugiado, que celebra em 20 de junho.
Além de oferecer um gostinho da culinária do Oriente Médio e da África em 13 cidades da Europa, o Festival Comida de Refugiado – que teve origem na França e tem apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) – espera promover a integração.
Em meio ao calor sufocante, Younes e o chef grego Fotis Fotinoglou mal encontram espaço para se movimentar enquanto preparam freneticamente um menu de 14 pratos gregos e sírios na cozinha apertada de 1 x 2 metros.
O cardápio inclui dakos –uma salada grega com torrada de cevada– fritadas de tomate e abobrinha italiana, freekeh sírio – trigo durum assado –, perna de cordeiro cozida em fogo brando e triguilho com galinha marinado com tahini, iogurte, temperos e cominho.
"Tem cominho em tudo!", diz Fotinoglou.
"Você quer alho? Ou cebola? Quer água?", pergunta a ao desajeitado Younes, de 25 anos, que o observa sem reação, mas os dois acabam se entendendo com gestos de mão elaborados.
Além de oferecer um breve alívio às dificuldades cotidianas da vida de um refugiado na Grécia, Younes espera que a comida chame a atenção para o sofrimento de dezenas de milhares de refugiados e imigrantes impossibilitados de deixar o território grego.
"(Quero) lembrá-los que há refugiados aqui, que ainda há sírios aqui", disse Younes. "E quero lembrá-los que há sírios em toda parte que estão passando necessidade."